Opinião

O rei e o bobo da corte

Por Nery Porto Fabres
Professor
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Não por acaso surgiu, na Idade Média, o Bobo da Corte, uma figura representativa, literalmente representava o povo. O sujeitinho era o escárnio do pagador de tributos à classe dominadora. Falava atrapalhado, aos gritos e gestos confusos, vestia roupas de cores diversas que nada representava além da comédia de ter mau gosto.

Dava gargalhadas das proezas que narrava, grunhia, tremia e dançava com a felicidade dos estúpidos. A corte era composta por um rei sentado em uma cadeira luxuosa, vestido de manto vermelho e coroa de ouro sob sua cabeça, um cetro à mão esquerda com o brasão de sua família entalhado no cabo, luvas, tecidos de ceda, cetim e algodão ao corpo, com adornos em ouro e outras variedades de pedras preciosas se estendiam até os canos das botas coloridas.

Ao seu lado figurava a rainha na mesma pompa. Completavam a corte líderes de todo o segmento da sociedade que pudessem tomar decisões com a família real. Entre estes poderosos estava o representante da igreja que se aproximava em grau de poder do rei.

O bobo os fazia rir. Sua principal função era representar as manifestações populares com figuras de linguagem no intuito de ridicularizar o povo e o colocar em seu devido lugar.

Não, não vim aqui falar da Idade Média porque estou velho e senil. Trouxe está ilustração épica para tentar compreender a realidade brasileira em dias atuais.

Porque se prestarmos a devida atenção, veremos que o povo continua sendo ridicularizado por humoristas contratados pelos governantes.

Esta ideia de fazer os donos do poder rirem dos pobres é melhor forma encontrada pelos burgueses, os quais nomeiam representantes políticos, lideres religiosos, diretores de empresas públicas, presidentes de bancos, cooperativas, associações, ONGs, redes de rádios televisão, etc...para tirar a atenção dos líderes e jogarem os olhares para os maltrapilhos pagadores de tributos.

Assim, enquanto os atuais bobos da corte debocham do povo a pedido do rei, os pedágios aumentam o custo de locomoção dos pobres. Não fica por aí a sacanagem, ainda sobem o alimento, o combustível, o material de construção e, obviamente, os impostos ficam anexados a estes custos.

Bem, aí fica este velho quase gagá aqui na maior praia do mundo, Cassino, no RS, sentado lendo o Diário Popular de Pelotas, naquela cadeira de nylon colorido dentro daquela fina camada de água salgada que a maré joga devagarinho para a areia, pensando nas notícias lidas e imaginando o quão caro será a vida em 2024.

Claro, eu não tô nem aí, já vivi o suficiente para entender que a política sempre foi e será o que está aí a nossa frente.
No entanto, percebo que muitos pobres não têm a mínima ideia que vivem num mundo de faz de conta, por isso os novos reinados compostos pela política partidária fazem tantos bobos da corte.

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